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Crítica do filme "A Antropóloga"

  • Foto do escritor: Júlia Orige
    Júlia Orige
  • 20 de dez. de 2015
  • 3 min de leitura

resenha a antropologa

A Ilha de Santa Catarina é um lugar lindo, logo, um ótimo cenário para um filme. Também guarda um folclore rico, que poderia ser explorado em muitas narrativas. Quando eu soube que havia um filme rodado em Florianópolis me apressei a ver. Minha decepção poderia ter sido maior, admito, mas ela já foi bem grande.

A estória tinha tudo para dar certo. Uma antropóloga açoriana que vai à ilha pesquisar as benzedeiras, se instala na Costa da Lagoa e conhece a mitologia do local. Mas logo, logo no começo já conseguiram estragar essa ideia fantástica.

Contrataram uma atriz brasileira, que se esforçou para um sotaque português, para interpretar uma açoriana. Há centenas de sotaques diferentes dentro de Portugal, como há no Brasil. Os Açores passaram pelo mesmo processo que as outras colônias do Império Português e ninguém nega que Angola fale com um sotaque diferente, ou Moçambique, ou Timor Leste.

A imitação fraca da atriz foi de um sotaque de Lisboa, no máximo, não de um conjunto de ilhas no Atlântico, que certamente tem sotaques bem diferentes do continente. O resultado foi uma brasileira falando de boca fechada.

Isso já me baixou os ânimos, mas tudo bem, quem não conhece portugueses engole.

Li por aí na internet uma resenha que falava de "A Antropóloga" como um trabalho de escola em vídeo, mal feito, mas você sabe que tem muito esforço ali. A comparação não podia ser melhor.

A estória era boa, a ideia também. Uma pena que não deu certo.

A trilha sonora é sofrível. Começando com um Fado quando a personagem principal chega à Florianópolis, de novo, a antropóloga era açoriana, Fado não é uma tradição açoriana. As músicas de fundo atrapalharam o filme, chamando atenção para si mesmas.

Poderia ser explorado o desenvolvimento da cultura na ilha, partindo dos Açores. Creio que a pesquisa não tenha ido além do site do Ministério do Turismo. O grande problema desse filme, depois da trilha sonora, é a falta de embasamento teórico. Haviam elementos bons: a fotografia, o enredo. Fico deveras surpresa em saber que ele ficou entre os 15 finalistas para concorrer ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2012. Me soa como o último filme de Crepúsculo, em que as vampiras brasileiras são duas índias. Ou seja, o esteriótipo do Brasil, sem pesquisa, sem aprofundamento. Aqui também, usaram o esteriótipo da cultura portuguesa, misturando com a açoriana.

A propaganda era "vamos falar de cultura popular", mas veja bem, até onde essa cultura é popular e quando começa a ser imposta ao povo?

O filme puxa as bruxas desde os Açores. Mas a lenda das bruxas que atormentam pescadores não é uma lenda açoriana, apenas de Floripa mesmo. E (estou trabalhando em achar mais informações) há divergências sobre as bruxas serem cultura popular. Há pesquisadores que dizem que foi Francklin Cascaes que inventou-as, partindo de alguns mitos do local e misturando com as bruxas medievais.

"A Antropóloga" traz informação mal checada para o público, confundindo o espectador que espera um fundo de verdade de um filme que se propõe a falar de cultura.


Para quem quiser assistir, o filme está no youtube.



A TV UFSC fez uma reportagem sobre o filme, assista aqui.



indias crepusculo

Filme da Saga Crepúsculo - Vamos se respeitar, por favor.

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