Impacto da universidade pública em Florianópolis
- Júlia Orige
- 25 de dez. de 2015
- 3 min de leitura

Concha acústica em frente ao Centro de Comunicação e Expressão
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é quase uma cidade, ou um parque, ou uma cidade muito arborizada. O campus de Florianópolis é muito bonito, fica na região central da ilha e ocupa um espaço consideravel. Não apenas de terras. Ocupa espaço na consciência coletiva da cidade, na sua personalidade (Eu gosto de personificar as coisas, deixa, vai). Fazem 55 anos desde sua inauguração e a comunidade acadêmica conta com cerca de 40 mil pessoas, entre estudantes, servidores e professores.
Estudar na UFSC é um sonho comum a muitos estudantes do ensino médio em Santa Catarina, especialmente em Floripa. A lógica de ensino no Brasil é boa, o que não funciona é a prática. Na teoria, a educação é de graça para todos, assim como a saúde. As escolas básicas são de fato para todos, mas pecam na qualidade. Já as universidades tem qualidade, porém não há vagas o suficiente.
Em Floripa também fica a Universide do Estado de Santa Cartarina (UDESC), igualmente pública, porém menor e com cursos diferentes.
Para entrar numa universidade pública no Brasil é preciso passar em uma prova, o vestibular. Já apareceu uma alternativa para ele, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que é outra prova para entrar na faculdade. Mas a maneira mais acertada ainda é o vestibular, um teste baseado em decorar os conteúdos do ensino médio. Quem obtém as melhores notas consegue entrar numa universidade gratuita.
Passar ou não no vestibular não é questão de inteligência, antes de memória. Eu passei logo no terceirão (último ano de escola), a Debora e a Lara também, mas há quem fique dois ou três anos tentando. Esse sistema de admissão faz com que muitas pessoas fiquem de fora e se vejam obrigadas a pagar para estudar, ou em uma universidade particular ou em um curso preparatório para o vestibular. Quem não tem dinheiro, não estuda. O que nos leva a outra característica de Floripa, como de cidades universitárias em geral: a cultura de cursinhos.
Florianópolis é dividida em "praias", "UFSC" e "Centro". É no Centro que ficam os cursinhos pré-vestibular, alguns famosos como Energia, Gaia e COC e vários sem muito nome. Um cursinho custa em média mil reais por mês e pode durar seis meses ou um ano. Quem sonha com uma vaga costuma saber quem são os melhores professores, quem passou no último ano e de que cursinho vinha.
Para suprir as vagas que faltam, muitas universidades privadas se instalaram na cidade. Quem pode pagar não perde em qualidade.
A UFSC trouxe mudança para a ilha. Segundo uma moradora do Córrego Grande, de 71 anos, antes da universidade chegar haviam poucas oportunidades, poucas opções de vida. A UFSC fez a cidade crescer, deu emprego para quem já morava aqui e chamou quem é de fora para estudar, ou trabalhar. Grande parte da comunidade acadêmica não é nativa da ilha, mas de todo o Brasil.
Justamente pela universidade, seus alunos e professores de diferentes lugares, Floripa se tornou uma cidade mais aberta às diversidades. A admiração e a busca pelo conhecimento fazem com que seja mais fácil mudar conceitos.
Claro que há uma grande diferença entre dentro da universidade e fora. Aos poucos ela vai contagiando a sociedade ao seu redor. São os jovens que querem mudar o mundo e eles conseguem, talvez não tão drasticamente, mas conseguem. São eles, que dentro de uma instituição de ensino, têm tempo para pensar e pôr em prática suas ideias de um mundo melhor.
Ter uma universidade pública na cidade gera rotatividade econômica e cultural, impactando tanto quem nasceu ali quanto quem vem estudar.
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